Coaching psicológico em tempos “covidianos”: desafios e oportunidades

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A pandemia da COVID-19 veio acelerar alguns processos de mudança em curso, como a consolidação do teletrabalho como um exercício profissional viável e a importância do bem-estar, saúde mental e performance como uma trilogia fundamental de equilíbrio social, económico e político.

Sem pessoas globalmente saudáveis, informadas e envolvidas não será possível criar valor e desenvolvimento sustentável. A Psicologia como ciência da mente e do comportamento humano tem sabido responder cabalmente aos desafios existentes!

No que concerne às organizações, os Psicólogos têm sido instados a desenvolver processos de avaliação de riscos psicossociais e a implementar programas de coaching de saúde, com vista a minorar o desgaste decorrente do confinamento e do stress adicional a que indivíduos e famílias foram sujeitos. Paralelamente, os programas de coaching executivo e de equipas de management têm proporcionado espaços de reflexão, debate e alinhamento de perspectivas com vista a munir líderes e decisores das necessárias ferramentas (conhecimento baseado na evidência2, estudos de caso, etc.) e competências para um exercício de liderança mais ajustado aos desafios deste “novo-normal”.

À euforia (ainda recente) do “coaching-aberto-a-todos”, em que supostamente, qualquer um poderia ser coach num qualquer curso de fim-de-semana, a pandemia veio demonstrar que lidar com a saúde, o bem-estar e a performance de pessoas, equipas e famílias exige um sólido background académico em Psicologia e programas de formação pós-graduada em Coaching Psicológico e/ou Psicoterapia, consolidados com supervisão consistente.

Sem conhecimento técnico sólido, não é possível teorizar heuristicamente sobre novos problemas com vista a criar soluções inovadoras, o que foi um desafio inequívoco trazido pela pandemia. No que à Psicologia das Organizações diz respeito, a COVID-19 tornou evidente a necessidade de instrumentos fiáveis de diagnóstico (clínico e não-clínico) bem como a necessidade de um maior entrosamento com a Psicologia Clínica para o tratamento de descompensações mais severas (depressão, perturbação de pânico, burnout). Trabalhar em rede afigurou-se fundamental!

A pandemia trouxe ainda à colação, a importância do design de comunicação dos líderes na construção dos conteúdos orais e escritos a difundir nas organizações. Tratar esta área tão sensível como business as usual não é, de todo, aconselhável quando os tempos fomentam incerteza, angústia e vazios de informação passíveis de preenchimento por boatos. Escolher bem as palavras e o meio de comunicação a usar têm um impacto direto no moral individual e coletivo! É uma valência muito importante da intervenção dos Psicólogos na consolidação do otimismo e da esperança, dois pilares importantes do capital psicológico, a que se juntam a autoeficácia e a resiliência, que têm estado à prova desde março de 2020.

Por Jaime Ferreira da Silva, Psicólogo Especialista em Psicoterapia e Coaching Psicológico Managing Partner da Dave Morgan, Health & Management Consultants